Carrapatos
Ele é como um vampiro: só se alimenta de sangue e, ao sugar suas vítimas, veicula doenças perigosas como babesiose e ehrlichiose canina.
Para que um carrapato sobreviva bastam plantas, umidade, sombra e um hospedeiro.
Ele vive de sugar sangue, para o que inocula uma substância anticoagulante,
causadora de prurido e irritação. Transmissor de algumas doenças graves (leia texto em destaque ) por intermédio de sua saliva, este ácaro é considerado, pelos veterinários, uma ameaça à saúde dos cães.
Espoliador resistente
A espécie que parasita cachorros, Rhipicephalus sanguineus, ou carrapato vermelho do cão, necessita do hospedeiro em todas as fases do seu ciclo de vida, ou seja, quando larva, ninfa e adulto. A fêmea, cheia de sangue e ovos, cai e esconde-se no chão, onde põe de 2 a 3 mil ovos. Deles nascem larvas, que sobem no cão para se alimentar por 2-7 dias, caem, escondem-se e trocam a pele (cutícula), o que permite que cresçam e se tornem ninfas. Estas, outra vez, sobem no animal para sugá-lo por 4-9 dias, caem, mudam a pele e se tomam carrapatos adultos que voltam ao hospedeiro, onde as fêmeas se nutrem por 6-30 dias. Os carrapatos se fixam por peças bucais que têm no capítulo, ou falsa cabeça, instalando-se principalmente nas orelhas, membros anteriores e espaços interdigitais do cão onde enfim, acasalam e reiniciam o ciclo.
Controle
É difícil eliminar carrapatos do ambiente. Eles se alojam em qualquer canto e podem permanecer em jejum por longos períodos. As larvas conseguem viver até 8 meses sem alimento, se protegidas em lugar úmido; as ninfas até 6 meses; enquanto que os adultos podem sobreviver por mais de 1 ano.
Eles, geralmente, vivem escondidos sob plantas, em locais sem incidência direta de sol. Sobem muros, o que significa que qualquer cão pode ser atacado por parasitas vindos do quintal do vizinho, que às vezes são vistos caminhando,enfileirados, pelo chão ou em paredes.
Carrapaticidas
O controle pode ser feito com carrapaticidas para bovinos (fosforados, piretróides ou substâncias à base de amitraz), uma vez que não existem produtos deste tipo próprios para cães. Eles podem ser utilizados em banhos, aspersões (2 ou 3 vezes a cada 7 a 14 dias), aplicados no cão, locais por ele freqüentados e naqueles onde se verifica trânsito de carrapatos. Para evitar intoxicação e garantir a sua eficácia, é importante diluí-lo rigorosamente conforme a indicação da bula. Os carrapaticidas em geral têm um período residual, em que continuam ativos, de 3 a 5 dias.
Também encontram-se no mercado coleiras anticarrapatos para cães, além de outros produtos modemos e seguros, à base de fipronil, que permanecem durante meses nos pêlos.
Eles atuam tanto contra carrapatos quanto contra pulgas.
Como estas substâncias agem por contato, é necessário molhar bastante os pêlos do animal quando da sua aplicação.
Transmitidas pela saliva
Babesiose - Agente: protozoário Babesia canis, que ataca as hemácias.
Conseqüências : anemia, lesão hepática, distúrbios nervosos e hemorragia característica na ponta da orelha.
Tratamento: com medicamento específico.
Ehrlichiose canina - Agente: Ehrlichia canis, que se multiplica nos glóbulos brancos do sangue.
Conseqüências : anemia, leucopenia (falta de glóbulos brancos), trombocitopenia (deficiência de coagulação sanguínea). É transmitida também por pulgas e mosquitos. Pode ser mortal. Porém, tem cura se diagnosticada cedo.
Lyme Disease - Agente: espiroqueta Borrelia burgdoderi, transmitida principalmente por carrapatos do gênero lxodes, comuns nos Estados Unidos. lncurável, é transmissível a humanos.
Conseqüências no cão: lesões permanentes em rins e coração.
Sintomas no cão: artrite, febre, perda de apetite, fadiga, depressão, manqueira repentina com dor nas articulações.
Sintomas no homem: eritema crônico migrante, febre, dores musculares e articulares, problemas neurológicos, cardíacos e artrite. A doença encontra-se em progressão nos EUA.
Por Nobuko Kasai
Profª e Drª do Depto. De Medicina Veterinária
Preventiva e Saúde Animal, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP